sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

NOSSOS ATLETAS, VERDADEIROS HERÓIS


Atletas driblam más condições para treinar no Ibirapuera antes da reforma

A pista de atletismo do Estádio do Ibirapuera foi palco de recordes importantes e grandes competições, e por isso faz parte da história dos principais nomes da modalidade no Brasil. Um dos orgulhos da cidade de São Paulo, hoje está longe dos seus dias de glória. Piso solto e mato alto são a nova realidade do Ibirapuera.

VISÃO DOS ATLETAS: MATO E BURACOS

O complexo sofre com o desgaste da estrutura, que foi reformada pela última vez há cinco anos e só deverá receber melhorias a partir de março. Por conta disso, o Ibirapuera perdeu o direito de sediar o Troféu Brasil, principal competição de atletismo do país, para o Engenhão, no Rio de Janeiro.
Os problemas são muitos. O piso emborrachado da pista já está soltando pedaços em algumas raias, dificultando a tração dos atletas de velocidade e aumentando o impacto para quem compete nas provas de fundo e meio-fundo. O mato também acaba atrapalhando. "É ruim você atravessar o campo e ter que passar pela grama alta. Mas em dezembro e janeiro é assim mesmo, eles abandonam porque o pessoal fica de férias. Os funcionários, os atletas não", declarou a heptatleta Evelyn Parreiras, que compete por Piracicaba, mas treina no Ibirapuera.
Apesar dos problemas, muitos atletas não têm outra opção para treinar. E outros nem gostariam mesmo de trocar de lugar. É o caso do velocista Sandro Viana, quarto colocado com o revezamento 4 x 100 m nos Jogos Olímpicos de Pequim. Ele vendeu tudo o que tinha e saiu de Manaus em 2005 para se arriscar em São Paulo. Hoje, não se arrepende: "Aqui as pessoas treinam com profissionalismo. O atleta que quer melhorar o seu nível vem para o Ibirapuera, porque aqui ele acha o treinamento certo".
Mesmo tendo que driblar mato, goteiras e buracos na pista.
Diretor do Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães, Eduardo Anastasi lembrou que não há como mexer na pista antes da reforma que está programada para começar em março. "Já acertamos o convênio com a Companhia Paulista de Obras e Serviços e a licitação sai em 30 dias. No começo de março, já começamos as obras em todo o complexo, com prioridade para o centro aquático e a pista de atletismo", confirmou Anastasi.





CIDADE DEPENDE DO IBIRAPUERA

Secretário municipal dos Esportes, Walter Feldman admite a falta de espaços para a prática do esporte em São Paulo. "O único que temos está com problema financeiro. A empresa que venceu a licitação das obras está com dificuldades por conta da crise, porque há muitos materiais importados", declarou, referindo-se ao Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa (COTP).
Apesar das obras em andamento, Feldman não acredita que o local possa sediar competições. "Vamos ampliar o espaço do atletismo e a pista ficará pronta ainda este ano, no segundo semestre. Mas, para receber um Troféu Brasil, ainda dependemos do Ibirapuera, porque o Centro Olímpico não tem condições de arquibancada e é mais para treinamento".

"Na pista, não tem como fazer manutenção. A gente só pinta ela de vez em quando, não tem como fazer uma reforma separada porque tem que entrar na licitação. A única coisa que tem para fazer é aparar o mato, que está alto em uma parte do campo, mas já começamos a cortar", esclareceu o diretor. Até julho do ano passado, o complexo era administrado através de uma parceria da BM&F com o Estado, consolidada em 2003, quando a empresa entregou pista e equipamentos novos, seguindo um contrato de cessão de espaço publicitário. A pista teria vida útil de dez anos, porém, passaram-se apenas cinco até que as condições voltassem a ser precárias. "No último ano, o piso simplesmente sumiu", lembrou Sandro Viana. "O número de competições aqui é oito vezes maior que o normal", completou.O contrato do Estado com a empresa acabou em julho do ano passado, e a deterioração começou exatamente nesse período, no intervalo entre o Troféu Brasil e os Jogos Olímpicos. Técnico da saltadora Fabiana Murer, Élson Miranda lembrou das dificuldades na preparação às vésperas do embarque para Pequim, quando a pista já vinha dividindo espaço com uma escolinha de futebol e até com um campeonato de músicos boleiros.
"A Fabiana treinava com cara chutando bola na cabeça dela, e às vezes não dava para treinar. Quando teve o campeonato, ainda consegui uma permissão para continuar lá", reclamou Élson. "Não dá para ter escolinha de futebol ali, é incompatível", opinou.O treinador confirmou que a situação se agravou depois do término do contrato com a BM&F. Superintendente do complexo, Eduardo Anastasi discordou de Élson Miranda e disse que a troca do gramado está prevista na reforma - mas sem prioridade para o atletismo: "Estamos tentando reativar o estádio de futebol, sem atrapalhar os outros esportes. Temos 120 jogadores na escolinha".

ESTÁDIO JÁ RECEBEU PARTIDAS DO CAMPEONATO BRASILEIRO

O Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães foi inaugurado em 1957, idealizado pelo atleta e arquiteto Ícaro de Castro Mello, que batiza o estádio de atletismo, com capacidade para treze mil pessoas.Em 1974, o então governador do Estado de São Paulo, Laudo Natel, inaugurou a pista de atletismo do complexo esportivo.O estádio já foi sede de partidas oficiais de futebol. No ano de 1996, chegou a receber partidas do Campeonato Brasileiro, mandadas por Corinthians e Santos.
Segundo o diretor, a reforma custará um total de R$ 32 milhões, sendo que cerca de R$ 3 milhões serão gastos só na troca da pista. As melhorias serão bancadas pelos cofres do Estado, sem parcerias. O contrato com a BM&F, segundo Anastasi, não tem como ser renovado porque a empresa não construiu um alojamento que estava previsto no contrato. Diretor do clube de atletismo, Sérgio Coutinho Nogueira alega que a verba para a obra está separada e foram apresentados vários projetos que o Estado rejeitou.
"A maior interessada em construir um alojamento é a própria BM&F, que banca o aluguel de 11 ou 12 casas e apartamentos de atletas que vêm de fora. Tentamos construí-lo em vários lugares, mas nenhum projeto foi aprovado, porque o Estado quer algo que foge às condições orçamentárias combinadas", explicou Nogueira.O diretor do clube de atletismo disse que a BM&F "não toma nenhuma posição radical" e está disposta a tratar novamente com o Estado para gerenciar uma nova reforma no Ibirapuera. "Estamos avaliando várias outras possibilidades, mas não fechamos com ninguém. Não podemos forçar o Estado a conversar conosco, mas não descartamos nada e podemos voltar a negociar pelo Ibirapuera", esclareceu Nogueira, completando que a prioridade "é ter uma pista boa para treinar na Grande São Paulo".Enquanto isso, a pista que poderia aprimorar a vocação de celeiro de talentos segue funcionando em meio à crescente demanda de atletas que vêm de todo o país para treinar ao lado dos melhores da modalidade. Sandro Viana concordou que, com uma manutenção mais constante, o Ibirapuera poderia ser uma fábrica de campeões.
"O número excessivo de usuários fez com que a pista se degradasse um pouco mais rápido que o normal. Tudo isso devido à concentração de atletas, que vêm de todas as partes do mundo treinar aqui, porque é a pista mais importante do país, a pista que fabricou praticamente todos os resultados importantes dos últimos cinco anos", explicou o velocista, que não quer deixar de frequentar o Ibirapuera: "Até pela estrutura, que é excelente, a logística, que facilita a vida de todo o mundo, e porque é um templo sagrado do esporte, que merece ser tratado com carinho".

fonte: Uol

Eu não poderia deixar de postar esta reportagem, porque quando chegam as Olimpíadas e Campeonatos Mundais, a maioria dos brasileiros cobram destes atletas resultados, mas não se interessam em saber como passam anos de suas vidas lutando para encontrar e ter um lugar descente para treinarem.
Eu espero que as autoridades comecem a olhar não só para o atletismo, mas outros esportes com outros olhos, porque tirando o futebol, neste país, sabemos que a realidade é esta aí em cima.

beijos
 
©2007 '' Por Elke di Barros